O comportamento é comum: além dos ossos, os cães enterram brinquedos e
outros objetos. Entenda o motivo.
Mesmo tendo sido
os primeiros animais domesticados pelo homem (há 500 mil anos), os cães
continuam sendo carnívoros e enterram ossos pelo mesmo motivo de seus parentes
selvagens, como os lobos, raposas, coiotes e chacais (ao todo, são 34
espécies); os cães são tão próximos aos lobos que cruzamentos entre eles são
comuns e os filhotes nascem férteis.
Trata-se de um
comportamento instintivo. Na natureza, os canídeos enterram as sobras de
alimentos quando se sentem saciados. É uma reserva para os períodos em que as
presas se tornam escassas, como os períodos frios e chuvosos.
Muitas espécies
exibem a mesma conduta. Os esquilos, por exemplo, mantêm grandes reservas de
nozes e avelãs (em ocos de árvores ou em túneis subterrâneos). Com isto,
garantem o estoque para as famílias durante todo o inverno. De quebra, ajudam a
aumentar as reservas florestais, com a germinação dos frutos não consumidos.
Os
instintos
Os ossos
enterrados são fonte de cálcio e outros sais minerais, nutrientes fundamentais
para o desenvolvimento e manutenção de ossos, cartilagens e dentes. Nos
períodos de reprodução, os ossos são fundamentais para o crescimento dos fetos.
Há muito tempo, a
maioria dos cães não precisam estocar alimentos. Mesmo os animais de rua
conseguem encontrar certa “fartura” em latas de lixo ou com o apoio de pessoas
que distribuem comida para cachorros de rua.
Mesmo assim, o
“chamado da natureza” continua firme e forte. Os cães enterram ossos,
brinquedos, roupas e até restos de ração para momentos de necessidade. Eles
também mantêm o mesmo comportamento gregário identificado nos lobos, por
exemplo, necessário para a segurança, mesmo que estejam abrigados em um apartamento
totalmente isento do risco de ataques.
Um cão identifica
a sua “família” como uma matilha, em que ele é apenas mais um membro. Muitas
raças chegam a conferir a um dos parentes o título de macho alfa, que se torna
o chefe, o único a quem os espécimes obedecem.
Os comportamentos
instintivos são comuns a todas as espécies e raças. O husky siberiano, por
exemplo, foi desenvolvido como um cão de trabalho, convocado a puxar trenós na
fria Sibéria (norte da Rússia). Durante as atividades, ele obedece ao condutor
e ao chefe da matilha. Nos momentos de descanso, entretanto, ele entende que
pode descansar e brincar.
Outra conduta
facilmente identificável é o fato de os cães darem voltas e afofarem seus
locais de repouso antes de se deitarem. É uma forma de checar se o local é
seguro e não representa nenhum risco de se machucarem, além de garantir maior
conforto.
Lamber o rosto dos
donos também pode ser um hábito determinado pelos genes. Os filhotes lambem a
boca da mãe como forma de pedir alimento; a cadela regurgita e, desta forma,
eles conseguem se nutrir com facilidade.
Quando seu cão
lamber o seu rosto, saiba que ele está pedindo comida, mesmo que a ração esteja
à disposição em sua tigela. As lambidas também são uma forma de exprimir
submissão: o animal está demonstrando que o dono é o dominante na relação.
Problemas
Apesar do
comportamento gregário, os cães são animais territorialistas. Caso um deles
tenha enterrado um osso (ou qualquer outro objeto) em determinado ponto de um
jardim ou quintal, pode atacar qualquer pessoa que se aproxime do seu tesouro,
da mesma forma que reage quando alguém se aproxima da sua tigela de ração.
Mesmo que não haja terra disponível, ele pode simular que está enterrando
objetos embaixo de roupas, almofadas, etc.
Cães podem se transformar
em sérios inimigos para a preservação de jardins e canteiros. Vários deles
podem ser adestrados para inibir a conduta predatória, mas o ideal é reservar
um espaço para que eles possam ocultar seus pertences.
Para raças de
porte pequeno e médio, uma caixa de areia é mais do que suficiente para que os
cães desenvolvam seu instinto sem destruir o gramado. Além disto, é um “setor
demarcado” e fica mais fácil para evitar possíveis rosnados e ataques.
Soluções à
vista?
Alguns
pesquisadores entendem que o hábito de enterrar ossos está com o “prazo de
validade vencido”. O motivo é a popularização das rações para os cães. Há
algumas décadas, os animais eram alimentados com restos de comida e os ossos
dos assados eram repassados diretamente para eles.
Com a adoção da
ração pela maioria das famílias e a contraindicação da oferta de ossos pela
maioria dos veterinários (em função dos riscos de machucar a garganta), no
entanto, as novas gerações caninas estão começando a entender que não existe
nenhum benefício na prática para os animais domésticos.
Além disto, a
maior parte dos ossos oferecidos aos cães atualmente é produzida
artificialmente, com couro trançado, material que resiste pouco tempo quando
são colocados debaixo da terra. Apesar de ser um comportamento herdado
geneticamente, a espécie começa a entender que não existe nenhuma vantagem e,
portanto, trata-se de um gasto energético inútil.
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